19 de jun. de 2007

Movimento dividido


Pelos dados de 2004 do Ministério da Educação, existem no Brasil cerca de 60 milhões de estudantes, somando-se ensino básico e superior. A defesa do interesse dessa parcela da população é, em tese, conduzida pelo movimento estudantil, representado por todas as organizações que o integram. Suas principal entidade - a UNE (União Nacional dos Estudantes) e Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) - orgulham-se de sua atuação nas discussões da sociedade ao longo de seus quase 70 anos de existência. Entre esses momentos, a resistência aos regimes militares e a mobilização dos estudantes pelo impeachment do presidente Collor.

Mas os próprios militantes reconhecem que o movimento estudantil mudou. A maior parte de suas lideranças tem dificuldades para envolver um número representativo de estudantes. E hoje também não faltam críticas quanto à atuação e participação do movimento.

Nesta reportagem, o Nossa Educação ouviu militantes que estão ou que passaram pelo movimento estudantil. Na entrevistas, falam sobre os problemas, as mudanças e as novas lutas das entidades discentes.

Desunião nacional

Durante a crise política do mensalão, em agosto no ano passado, o movimento estudantil deu sinais de que ainda está ativo. Mas as manifestações também evidenciaram que está dividido. No primeiro dia, a UNE participou de um ato contra corrupção, mas que apoiava o presidente Lula. No dia seguinte, outros estudantes ligados ao Conlute (Coordenação Nacional de Lutas dos Estudantes) participaram de ato também contra a corrupção, mas criticavam o governo Lula.

O apoio da UNE ao governo Lula foi apenas um dos motivos que levaram estudantes dissidentes a criar a Conlute em 2004. A criação, por exemplo, ocorreu durante um “Encontro Nacional Contra a Reforma Universitária”, tema que a UNE mais apóia do que contesta. Segundo o militante da Conlute Rafael Góes, hoje a coordenação reúne todas as entidades estudantis que não se sentem representadas pela UNE. Além de não apoiarem nenhum candidato e serem contra a Reforma Universitária, a Conlute também é contra a “burocratização” na UNE e faz parte da Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas), que reúne organizações de oposição ao governo Lula.

Apesar de se colocar como uma alternativa à UNE, o Conlute ainda não se considera uma entidade. Seu colegiado nacional foi eleito durante o Encontro Nacional de Estudantes em maio de 2006 e ainda não possui lideranças estaduais.

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