28 de ago. de 2007

Sombras de greve

Quentinha do Andes:

Docentes das universidades federais paralisarão atividades no dia 13 de setembro

Em sua última reunião, realizada em Brasília nos dias 24 e 25/8, o Setor das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) do ANDES-SN [Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior] aprovou a realização de uma paralisação com vigília, nas universidades federais, no dia 13 de setembro. Até essa data, as seções sindicais realizarão uma nova rodada de assembléias para deliberação do indicativo de greve nacional a partir da última semana de setembro.

O dia 13 de setembro é emblemático: nessa data será realizada a terceira reunião de negociação da pauta dos docentes com a Secretaria de Recursos Humanos (SRH) do Ministério do Planejamento (MPOG). Na última reunião, realizada na semana passada, o secretário Duvanier Paiva Ferreira reafirmou que o governo não dispõe de recursos financeiros para conceder reajuste salarial com impacto neste ano.

O secretário também se comprometeu a analisar mais detalhadamente a pauta dos docentes – entregue pelo ANDES-SN em 15 de março – e a apresentar a posição do Ministério sobre a tabela salarial proposta pelos docentes, com os impactos financeiros decorrentes dos vários elementos que a constituem.

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Além da questão salarial, os docentes também exigem a revogação do projeto do REUNI e da criação do banco de professores-equivalentes.

24 de ago. de 2007

Aliás...

Imprensa e manifestação de estudantes é coisa que geralmente não combina. Na reitoria ocupada da UFSC, jornalista não entra. E os figurões da imprensa local retrucaram: afirmando que sua equipe foi ameaçada enquanto trabalhava, Paulo Alceu, apresentador da Rede SC/SBT, disse que "quem faz protesto, quer se manifestar. Mas, pelo visto, esses estudantes só querem é baderna".

O tom da coluna de Moacir Pereira (que, aliás, já foi professor da UFSC) , do Diário Catarinense, também foi parecido, tratando o ato como violento, autoritário e como uma invasão. Os estudantes criaram um blog para responder.

Mas, provavelmente, nada pode ter irritado mais os estudantes que as matérias relacionando os atos com a UNE - como fez a Folha e meu professor Tambosi (que, de passagem, adora fazer a relação estudantes=UNE=PT=Lula). Enquanto isso, um cartaz na frente da reitoria invadida/ocupada trazia "A UNE não nos representa".

Na UFSC também...

Manifestantes cercaram entrada da reitoria com barricada, mas
negam que o acesso esteja impedido


Em outras oportunidades, noticiei neste blog a ocupação de reitorias de outras universidades. Nesta semana, no entanto, o fato aconteceu a pouco metros de minha residência, no campus da UFSC. Também houve protestos em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Bahia e Ceará - mas somente nesse último também ocorreu ocupação da reitoria.

A isenção jornalística é desafiada quando a notícia acontece tão próxima e afeta diretamente a quem escreve (no meu caso, sendo eu um estudante da UFSC). Principalmente quando atos desse tipo aumentam o clima de greve na Universidade.

Motivos os estudantes têm. A falta de professores é o primeiro ponto da pauta de reinvidicações. No mais, exigências clássicas, como aumento no valor das bolsas, melhorias no Restaurante Universitário e na oferta de moradia estudantil. Além dessas, pautas que parecem copiadas das reivindicações de professores e servidores: contra a transformação do HU em fundação de direito privado, auditoria nas Fundações de Pesquisa, oposição ao REUNI (projeto do Governo Federal que pretende mudar o funcionamento das Universidades Federais), entre outras.

A revolta dos manifestantes poderá ser ainda maior quando tomarem conhecimento do projeto de lei que cria vagas para professores, mas só para as unidades de ensino criadas depois de 2005.

Já as demais? Bem. A essas, por enquanto, só cabe esperar a mudança do número de alunos por professor -outra medida do REUNI. O governo quer que dos atuais 9 por 1, a proporção seja 18 por 1.

17 de ago. de 2007

Mais sobre laptops para crianças

O blog da semana da revista Revista Época é novamente sobre Educação, acompanhando a matéria especial da edição desta semana sobre o programa de Laptops para crianças . Mais tarde comento sobre a reportagem e as discussões do blog.

16 de ago. de 2007

Jornais nas Escolas

Para a imprensa, a idéia é ótima: instituir um programa de leitura de jornais e revistas nas escolas públicas do Paraná criaria futuros leitores. Já pedagogicamente, a idéia do deputado estadual Péricles de Mello (PT-PR) é contestável. Se para gente grande às vezes é complicado entender o noticiário ou mesmo interessar-se por eles, quem dirá nossas crianças.

A proposta foi apresentada à Assembléia Legislativa paranaense e deve ser votada em um mês. Segundo Mello, o programa estimularia e orientaria e os estudantes a ler temas de conhecimento geral e integrar a escola com a sociedade. As publicações, seriam, um suporte para as aulas.

No entanto, especialistas afirmam que a imposição da leitura pode resultar em repulsa. E completo: já há material próprio, com temas e abordagens adequadas para crianças. Utilizar material da imprensa tradicional talvez não seja a melhor opção.

10 de ago. de 2007

Recomeçou, ou quase

Assim como o ano letivo, o Nossa Educação retomou suas atividades essa semana. No entanto, ainda estamos como algumas universidades federais, com um início de semestre meio truncado.

Há 80 dias os servidores técnico-admistrativos das IFES estão de braços cruzados. Embora nem a Fasubra - entidade sindical da categoria - saiba estimar o percentual de adesão, a greve prejudica o atendimento das secretarias dos cursos, restaurantes e hospitais universitários, bibliotecas e prefeituras dos campi. No entanto, na maioria das instituições, as aulas seguem.

Os professores também já se movimentam. A categoria cobram um aumento sobre a remuneração total que vai de 83% a 140%. Dependendo das repostas do governo, pode haver mais uma paralisação geral no próximo dia 25, inviabilizando completamente o andamento do semestre letivo.

Não se deve duvidar. Afinal, greve em universidades federais é como o El niño, que vem a cada dois anos. A última foi em 2005...

Na UFSC, os servidores em greve montaram barricadas na entrada na Universidade e nos setores onde as matrículas são processadas. (foto: Diogo Honorato)

update: o sindicato dos servidores se reúne amanhã (16) para apresentar uma contra-proposta ao governo.