Não sou dos que gostam de tomar casos de países desenvolvidos como exemplo pelo simples critério deles serem desenvolvidos. De todo modo, uma decisão tomada pela Suprema Corte americana é uma boa contribuição ao debate sobre cotas no Brasil. Mesmo sem consenso, a suprema corte resolveu limitar a utilização do critério de "raça" para alocar os alunos nas escolas públicas americanas.
Longe de ser uma afronta às ações afirmativas no país, cinco dos nove membros enfatizaram que a "raça"deve ser um dos critérios, mas não deve ser o único. Uma saída interessantes, acima do debate brasileiro sobre se deve existir cotas para negros ou para pobres. Afinal, por que não os dois critérios conjuntamente?
Vale lembrar, no entanto, que a medida se referem a escolas públicas, não à universidades. Ou seja, não se questiona o mérito dos estudantes, como seria comum caso se tratasse de ensino superior.
Leia aqui a matéria completa
29 de jun. de 2007
Por raça, mas não apenas
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27 de jun. de 2007
Na TV: educar não rima com com censurar
Se o leitor acredita que o que seu filho vê na TV é tão importante quanto o que ele estuda ou deixa de estudar na escola, então o comentário do jornalista César Valente em seu blog lhe é pertinente. Ao tratar da pesquisa de opinião CNT/Census, ele comenta um dos tópicos, que trata do projeto que institui a classificação indicativa dos programas televisivos:
Censura não é Educação. Mas, afinal, o que é censura?
.
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25 de jun. de 2007
A ver metas
Depois de receberem as notas de desempenho no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), a grande parte das escolas agora se pergunta: como melhorar? Afinal, o índice só mostrou em números o que o senso comum sabia. E, fora uma ou outra que fugiu à regra (não chegam a 1% as que conseguirem mais que seis), a nota só quantificou o quão caóticos estão os rendimentos e repetência dos alunos.
As escolas com nota baixa agora terão que se esforçar para cumprir as metas do MEC - todas tem que busca índice seis até 2021. Ao divulgar a nota de cada escola, evidenciou-se quais exatamente possuem deficiências – e não o município ou estado como um todo, como divulgado anteriormente. A comunidade, tanto quanto o governo, agora sabe que se a escola do bairro vai mal e cobrará melhoras.
Sim. E melhorar como?
A julgar pelo que tem divulgado, nem o próprio MEC sabe ao certo. Soltando confetes de cifras, o ministro Fernando Haddad anunciou que os mil municípios com os piores ideb´s iriam receber apoio pedagógico e financeiro do governo. Entretanto, nenhuma proposta para as escolas em particular, o que é de se estranhar. Afinal, se duas escolas de uma mesma cidade tiveram notas diferentes, é possível que os problemas sejam diferentes – ou em intensidade diferente.
Alguém no MEC deve ter notado essa incoerência. Assim, Haddad anunciou no último dia 20 o Plano de Desenvolvimento da Escola. A solução é a mais simples possível, mas só para o MEC: transfere-se para a escola a tarefa de se auto-diagosticar. As unidades de ensino deve criar um grupo de trabalho, que fará sua auto-avaliação, indicará quais ações serão necessárias e estipulará prazos e metas.
Recursos extras (que, na maioria dos casos, é o que realmente falta), só se a escola estiver entre os mil municípios com pior nota no Ideb. As demais, por enquanto, ficam a ver metas.
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Marcadores: Políticas de Educação
21 de jun. de 2007
Antigas e novas bandeiras
Causas não faltam ao movimento estudantil. Algumas já são velhas reivindicações, como mais verbas para Educação e qualidade de ensino, mudança na política econômica e defesa de causas sociais. Outras foram substituídas: em vez de centrar forças em causas de interesse geral, como liberdades democráticas, estende seu foco a causas específicas, como questões de gênero e direito ao transporte público.
Mas também surgiram novas bandeiras em sintonia com as mudanças da última década. Com o aumento de vagas nas universidades particulares, surgiram questões como combate ao aumento das mensalidades e luta por condições do estudante concluir seus estudos.
“O número de estudantes aumentou, mas a maioria dos estudantes hoje são de universidades particulares, trabalham e tem dificuldades para se manter na universidade. A luta é pela ampliação das vagas e pela permanência, além de discutir as grandes questões da sociedade”, define o presidente da União Catarinense dos Estudantes (UCE), Thiago Andrino.
Para Andrino, o maior desafio do movimento é “trazer para a universidade um pouco de participação”. Para isso, uma das estratégia do movimento estudantil é investir em causas com resultados mais imediatos, como por exemplo, a luta pelo transporte coletivo.
“O jovem tem dificuldade de construir objetivos a longo prazo. Mas se perceberem que podem conseguir o passe livre para amanhã, eles vão para a rua amanhã. E assim ele se conscientiza e participa de um debate maior, que envolve o papel do estado”, explica Thiago Andrino, citando a relação dos estudantes com o Movimento Passe Livre.
Apesar de hoje ser professor do Departamento de Economia da UFSC, Nildo Ouriques também tem um passado de envolvimento com o movimento estudantil da Universidade. Ele foi fundador e primeiro presidente do Centro Acadêmico Livre de Economia da UFSC, em 1981, e presidente do Diretório Central dos Estudantes entre julho de 1981 e julho de 1982.
Comparando com o passado, Ouriques não poupa críticas ao momento atual do movimento estudantil. “A luta hoje começa por questões políticas muito distantes dos estudantes. Antigamente, os estudantes começavam por questões menores”, afirma o professor. "Os estudante precisam lutar contra as carências imediatas, começar por aquilo que mais afeta a vida estudantil".
Em sua opinião, também faltam reivindicações por mais verba na educação. Durante a gestão de Ouriques, o DCE organizou uma greve que reivindicava financiamento adequado aos novos cursos que surgiam na UFSC.
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Marcadores: especial movimento estudantil, Políticas de Educação
19 de jun. de 2007
De domínio público e permanente
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Marcadores: Políticas Públicas
Falta maior participação, dizem militantes
As divergências são apenas um dos problemas do movimento estudantil nos dias atuais. A dificuldade para envolver os jovens na política é uma questão que o próprio presidente da UCE (União Catarinense dos Estudantes), Thiago Andrino, admite.
"O perfil dos estudantes era outro. Além da maioria ser de universidades públicas, se dedicavam a universidade de maneira exclusiva. [Na ditadura], era mais fácil aglutinar as pessoas", justifica Andrino. O estudante também afirma que hoje o movimento “tem dificuldade para trazer a elite para discussões sociais”.
Para o professor Nildo Ouriques, que foi presidente do Diretório Central dos Estudante da UFSC (DCE), as entidades de hoje “tem um déficit gigantesco de legitimidade”. Mas nega que os jovens de hoje sejam mais individualistas.
“Nem acredito mais na luta do movimento estudantil. O movimento que está aí é um movimento que tenta e faz, mas é precário. E se não reconhecemos isso, não saímos do buraco”, disse Ouriques.
O presidente do DCE da UFSC, Gustavo Chraim também concorda que nem sempre o movimento estudantil tem a base necessária, mas defende o momento atual. “O movimento estudantil hoje está muito mais articulado que na época da ditadura, já que na época não se podia nem falar da UNE. Hoje é bem mais fácil organizar o movimento”, afirma. Chraim também cita que o último congresso da UNE reuniu mais de 15 mil participantes.
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Marcadores: especial movimento estudantil
Movimento dividido
Pelos dados de 2004 do Ministério da Educação, existem no Brasil cerca de 60 milhões de estudantes, somando-se ensino básico e superior. A defesa do interesse dessa parcela da população é, em tese, conduzida pelo movimento estudantil, representado por todas as organizações que o integram. Suas principal entidade - a UNE (União Nacional dos Estudantes) e Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) - orgulham-se de sua atuação nas discussões da sociedade ao longo de seus quase 70 anos de existência. Entre esses momentos, a resistência aos regimes militares e a mobilização dos estudantes pelo impeachment do presidente Collor.
Mas os próprios militantes reconhecem que o movimento estudantil mudou. A maior parte de suas lideranças tem dificuldades para envolver um número representativo de estudantes. E hoje também não faltam críticas quanto à atuação e participação do movimento.
Nesta reportagem, o Nossa Educação ouviu militantes que estão ou que passaram pelo movimento estudantil. Na entrevistas, falam sobre os problemas, as mudanças e as novas lutas das entidades discentes.
Desunião nacional
Durante a crise política do mensalão, em agosto no ano passado, o movimento estudantil deu sinais de que ainda está ativo. Mas as manifestações também evidenciaram que está dividido. No primeiro dia, a UNE participou de um ato contra corrupção, mas que apoiava o presidente Lula. No dia seguinte, outros estudantes ligados ao Conlute (Coordenação Nacional de Lutas dos Estudantes) participaram de ato também contra a corrupção, mas criticavam o governo Lula.
O apoio da UNE ao governo Lula foi apenas um dos motivos que levaram estudantes dissidentes a criar a Conlute em 2004. A criação, por exemplo, ocorreu durante um “Encontro Nacional Contra a Reforma Universitária”, tema que a UNE mais apóia do que contesta. Segundo o militante da Conlute Rafael Góes, hoje a coordenação reúne todas as entidades estudantis que não se sentem representadas pela UNE. Além de não apoiarem nenhum candidato e serem contra a Reforma Universitária, a Conlute também é contra a “burocratização” na UNE e faz parte da Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas), que reúne organizações de oposição ao governo Lula.
Apesar de se colocar como uma alternativa à UNE, o Conlute ainda não se considera uma entidade. Seu colegiado nacional foi eleito durante o Encontro Nacional de Estudantes em maio de 2006 e ainda não possui lideranças estaduais.
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Marcadores: especial movimento estudantil
17 de jun. de 2007
Especial movimento estudantil

lado reinvidiações , sarcasmo e álcool.
(foto: midiaindependente.org)
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Marcadores: especial movimento estudantil
15 de jun. de 2007
Estágio a distância?
Completo a discussão sobre a nova lei de estágio com a opinião da Gerente técnica do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) Sylvana Rocha. Quem estuda na modalidade de ensino a distância (EaD) pode fazer estágio ? Sylvana diz que sim, e com razão. Afinal, é um curso superior como qualquer outro, com igual necessidade de ligação com a prática - se não maior, justamente por ser a distância.
"De acordo com o decreto 5.622/2005, todo curso a distância prevê momentos presenciais obrigatórios, nos quais se promovem encontros e apresentações de trabalho. O estágio é um desses momentos", escreve Sylvana Rocha.
O Projeto de Lei que prevê novas regras para a prática de estágio ainda não contempla essa modalidade. Que as leis não acompanham as mudanças da sociedade, isso já sabemos. Mas projetos de lei a serem votados e que já estão defasados, isso sim chama a atenção.
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Marcadores: especial estágio
14 de jun. de 2007
Educação de gabinete
Qualquer passada de olho rápida por jornais que cobrem a área de Educação é suficiente para constatar que a maioria faz "cobertura de gabinete", como se diz no nas redações jornalísticas. Matérias em sua maioria feitas de dados estatísticos, de releases e de declarações de autoridades ou pesquisadores. Estudantes e professores só aparecem para ilustrar matérias, sem grande utilidade.
Uma proposta interessante foi a do jornal carioca "O dia", que se propunha a "ir para dentro das escolas" e "falar para professores, pais e alunos", como definiu Arnaldo César, um dos diretores executivos do jornal. Por isso, deixo a contribuição da entrevista concedida à revista "Mídia e Educação".
Entrevista com Arnaldo César, editor de "O Dia"
Conversando sobre Educação com Arnaldo César
Entrevista feita por Bárbara Pereira
O jornal carioca "O Dia" interrompeu, em agosto do ano passado, a edição do caderno de educação, que durante 4 anos serviu de fonte de informação para milhares de educadores do Rio de Janeiro. Todas às terças-feiras, mais de 300 mil exemplares chegavam às bancas com reportagens voltadas não só para professores, mas também para alunos e pais. Arnaldo César, um dos editores executivos do jornal, revela que a falta de patrocínio foi o principal motivo para a interrupção do suplemento, que era visto pelos leitores como "um caderno que ajudava a entender e educar os filhos", como revelou uma pesquisa do próprio veículo de comunicação. Segundo Arnaldo César, a direção do jornal está em busca de patrocinadores e espera retomar o projeto, mas ele prefere não fazer previsões.
Por que o caderno acabou ?
Arnaldo: O caderno não acabou, ele foi descontinuado. O custo dele ficava em torno de 100 mil reais. Isso, num ano, dá perto de 1,2 milhão. É um investimento pesado. Ele foi descontinuado porque, inicialmente, era um projeto auto-sustentável, quem patrocinava o caderno era a Petrobrás, depois foi a MultiRio. Só que ele foi concebido quando o preço do papel custava 380 dólares a tonelada. Hoje, o preço do papel está em torno de 680 dólares a tonelada. E a publicidade convencional dessa área - cursinhos e universidades - não cobre os custos de um caderno como esse, em tamanho tablóide, com 16 páginas e uma tiragem de 300 mil exemplares às terças-feiras. Era quase 1 milhão e meio de pessoas lendo o caderno. Então, a razão pela qual o caderno foi descontinuado é uma razão puramente de custos. Nós estamos buscando patrocinadores para poder partilhar esses custos por dois. Aí o caderno retorna da forma que era.
O Sr. acha que a educação precisa ter a sua própria editoria, assim como economia, política ou cidade ?
Arnaldo: O jornal tem essa visão. Nós temos uma editoria de educação. A equipe que fazia o caderno nunca foi desmontada, ela permanece. Obviamente que faz outras coisas, enquanto o caderno não é viabilizado economicamente. Você tem por parte da gestão do jornal a consciência de que educação é um assunto importante. A gente não faz um caderno puramente para ter uma receita financeira, a gente faz o caderno porque sabe que está agregando um assunto importante para o leitor. Mas da forma que ele era feito, porque da forma como se cobre educação hoje no país o leitor não se interessa.
Por que ?
Arnaldo: Vamos analisar os jornais que têm editorias de educação mais consolidadas, como Folha de São Paulo, por exemplo. Um jornal que tem uma continuidade no tratamento nos assuntos de educação. Todos os assuntos ali dizem respeito ao Ministro, à secretária de educação. Fazem um jornalismo de educação puramente de gabinete. São as grandes resoluções do ministério. Ontem, por exemplo, qual foi a principal notícia de educação no Brasil, que ocupou meia página de todos os jornais ? Era se iriam cassar ou não as universidades. Eu acho que esse tipo de informação não interessa ao leitor de "O Dia". Quando nós criamos o caderno de educação, a concepção era em cima da demanda do leitor, ou seja, nós sabemos que os nossos leitores, que são de classe média baixa, vêem na educação um instrumento de alavanca social. Então, montamos um caderno que falasse para o estudante, para o pai e para o professor. Nos importávamos muito pouco com o que acontecia em função das grandes resoluções do MEC. A gente ia para dentro das escolas, mostrar a realidade, com um forte propósito de dizer aos pais o seguinte: se você não cuidar da escola do seu filho, você não vai conseguir alavancá-lo socialmente, porque só com a participação dos pais nos conselhos escolares, por exemplo, você consegue cobrar da escola resultados e qualidade. E para os professores, a gente tinha o discurso da qualificação. Mostrávamos que não adianta o professor ficar sentado no meio-fio reclamando dos baixos salários, que o mundo não gosta de dele ou que o mundo é uma tragédia. Ele tem que, apesar de tudo, tentar se qualificar, porque há uma demanda por qualidade de educação. E aí a gente tinha a última página do caderno sempre com um debate, uma entrevista de perguntas e respostas com pedagogos, não só aqui do Brasil, mas do mundo todo.
A forma como o país educa a sua população é ou não assunto para o jornal ?
Arnaldo: É assunto. Mas desde que tratado com o enfoque certo. A gente sempre tentou saber quais eram as demandas dos pais e dos alunos ? Essas demandas estão sendo atendidas pela política do município, que tem uma política própria de educação ? Ou do governo do estado ? Ou do governo federal ? A gente sempre fez esse contraponto. E uma das razões pelas quais o caderno tinha dificuldades de conseguir publicidade convencional (cursinhos, pré-vestibulares.) é porque ele sempre teve uma postura crítica. Procurávamos tratar os assuntos com uma visão crítica. Os repórteres que nós formamos no caderno foram treinados para isso. Por exemplo: o caderno era totalmente contra vestibular, discutíamos isso e discuto até hoje com a equipe. A gente sempre se posicionou contra. Obviamente, quando você tem essa postura, o cursinho, que é um grande anunciante, não vem para o caderno.
Então vocês acham que é possível cobrir a política educacional , ou seja, o que é ensinado nas escolas, a partir de quem precisa dela ?
Arnaldo: É. Tanto é que o editor do caderno, o Antonio Góis, começou comigo quando a gente criou o projeto e foi chamado pela Folha de São Paulo porque o jornal queria ter uma visão que não fosse de gabinete. Ele foi para lá para cobrir educação sob um outro prisma.
De um modo geral, os jornais não têm uma editoria específica para cobrir educação. E quem acaba cobrindo é o pessoal da geral, que muitas vezes, desconhece o lado conceitual da educação, as políticas educacionais.
Você acha necessário a existência de um profissional especializado no assunto?
Arnaldo: Eu sou contra a especialização. Por várias razões, inclusive pela forma com que o jornalismo moderno está caminhando. Hoje você é multimídia. É mais do que você ser um jornalista que saiba de política, esporte, educação, economia. Você tem que saber manipular todas as mídias ao mesmo tempo. A tendência é muito mais aberta. Agora, no caso da educação, especificamente, a gente montou uma equipe pequena, e como tínhamos que buscar histórias qualificadas, com um alto grau de exclusividade e de novidade, não podíamos ficar com esse repórter trabalhando na geral ou no esporte. Nós queríamos também que os nossos repórteres entendessem do que eles estavam falando. Só assim você ganha credibilidade junto aos leitores.
Então, pelo que você está me dizendo, é necessário ter, não diria uma especialização, mas uma formação diferenciada para esse profissional que cobre educação ?
Ah não, você tem que ter . Esse repórter tem que conhecer as fontes, tem que saber quem são as pessoas que geram informação. Tanto lá na base, quanto em cima. Nós fomos chamados várias vezes para entrevistar o Ministro da educação.
A Dona Ruth Cardoso, que não gosta de dar entrevistas, escreveu vários textos para esse caderno. Então, é preciso ter repórteres circulando, conversando, falando com todo mundo o tempo todo. Nesse caso, você tem que ter uma pessoa cuidando daquele assunto. Agora, o que eu não gostava e não deixava acontecer no caderno era a especialização da especialização. O que é isso ? Um repórter que só sabe falar da educação no Rio de Janeiro. Então, eu tinha o cuidado de passar pautas distribuindo as pessoas para que elas circulassem pelas várias áreas da educação. Uma semana ele falava com uma diretora de escola lá em Porciúncula (Rio de Janeiro), na outra ele ia a Brasília, depois ia cobrir universidade, conversar com um educador importante na Unicamp ou numa universidade no Rio de Janeiro. A idéia era estar sempre conectada com a ponta do conhecimento na área de pedagogia.
Muitos jornalistas reclamam da dificuldade de diálogo com os especialistas em educação. Dizem que, muitas vezes, encontram resistências por parte deles para traduzir conceitos acadêmicos, por exemplo. Você acha que existe dificuldade de diálogo entre as áreas de educação e comunicação ?
Arnaldo: A gente enfrentou isso um pouco, mas sempre houve boa vontade dos educadores para traduzir conceitos. Não sei se pelo jeito do caderno, mas sempre houve boa vontade de um cientista da educação em transformar aquilo que ele pensava, que ele elaborava numa coisa palatável para os leitores. O repórter já chegava dizendo que precisávamos transformar a teoria em algo assimilável, porque nós não falamos para intelectuais. Nós tivemos problemas com a comunidade acadêmica mais pelas críticas. Fizemos várias matérias, por exemplo, analisando universidades do Rio de Janeiro, questionávamos por que essas universidades não tinham programas de interação com a comunidade onde elas estavam instaladas? Achávamos que a UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) faz muito pouco por ser uma universidade estadual, a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) nem se fala... Então, quando a gente fazia esse tipo de matéria, eles reagiam. Mas quando você ia atrás deles para buscar o conhecimento, para traduzir aquilo de forma que o pai, o aluno e o professor entendessem, sempre houve boa vontade.
Depois da experiência que vocês tiveram, e que pretendem retomar, como você define, então, um bom caderno de educação ?
Arnaldo: A formula é esse tripé: pai, aluno e professor. Para o aluno, você precisa dizer o tempo todo que ele precisa estudar, porque senão ele vai ficar fora do processo, no qual as pessoas valem muito mais pelo que sabem. Para o pai dizendo o seguinte: se você quer que seu filho seja alguém na vida, cuide da educação dele, mas não é cuidar vendo o boletim, o dever ou se foi para a escola. Tem que ir para dentro da escola. O FUNDEF – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério -, por exemplo, tem conselhos municipais e até locais para controlar o dinheiro destinado à educação. E para os professores e diretores é a capacitação. Se o aluno está demandando novos conhecimentos, os professores precisam se aprimorar para poder oferecer uma educação de qualidade. A nossa fórmula foi bem sucedida por isso, tanto que foi reconhecida. Ganhou vários prêmios como o da fundação Ayrton Senna. Antes de fazer o caderno, fui conversar com as pessoas que cuidam desse assunto e que são minhas fontes. Peguei essa filosofia do tripé rapidamente. Quando o caderno parou, houve um encontro na concha acústica da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) com seis mil professores e todos assinaram um manifesto reclamando de o caderno ter descontinuado. Isso é importante, porque o caderno acabou virando um instrumento para o professor. Era um veículo de informação e uma ferramenta de trabalho para ele. Nós não fazíamos nada do que os outros cadernos de educação fazem, como por exemplo, colocar dentro do suplemento uma folha para o aluno colorir, fazer desenho. Isso a gente não fazia. Quando lançamos os cadernos muitas pessoas disseram que não ia dar certo porque não tinha apelo nenhum para a criança.
E as políticas como por exemplo, a reforma do ensino médio os parâmetros curriculares nacionais ? Onde entram ?
Arnaldo: A questão da repetência, por exemplo, é um indicador pelo qual o ensino do estado do Rio de Janeiro está muito mal avaliado. Nós fizemos várias capas sobre a questão da repetência. Uma das capas era enfocada para o professor, mostrando que a repetência também é um sinal de que o professor não foi bem, não é só o aluno. E aí fizemos uma discussão, dicas para tratar dessa questão, o que é preciso ler, quem são as pessoas que escrevem e pensam sobre isso. Depois fizemos a repetência sobre o enfoque do pai, como que mexe com o filho que repetiu o ano? Como se trata dessa questão ?
Tem alguma previsão para o retorno do caderno ?
Arnaldo: Eu tenho me esforçado muito para fazer o caderno voltar. Mas isso é uma questão econômica complicada. Não adianta eu falar que "O Dia" tem um compromisso com a sociedade. A filosofia implantada, não só aqui mas em todos os jornais economicamente bem sucedidos, diz que tudo tem que ter retorno. Estou trabalhando num caminho que pode me levar a um resultado concreto, que é encontrar parceiros para fazer o caderno da forma que ele era feito.
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Marcadores: Clipagem
3 de jun. de 2007
Vagas para aprendizagem
A
a serem realizadas sejam descritas e aprovadas
Além
Estar
Embora
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Marcadores: especial estágio
1 de jun. de 2007
Profissão estagiário
Para estudantes, as vantagens da bolsa-auxílio, da experiência e da proximidade com o mercado. Para empresários, os benefícios da isenção de encargos trabalhistas. Mas todas todos esses aspectos positivos podem ser usados de modo a mascarar um mau-uso do estágio.O Chefe de fiscalização da Delegacia Regional do Trabalho de Santa Catarina, José Márcio Brandão, enumera os casos mais absurdos: estudante de Enfermagem estagiando em banco, aluna de Psicologia em livraria, jovem que já havia concluído o ensino médio e foi obrigada a se rematricular para ficar com uma vaga de estágio, além de uma empresa em que todos os funcionários eram estagiários, inclusive o gerente.
“O estágio tem sido utilizado de forma a fraudar a legislação trabalhista e substituir o trabalhador por um estagiário, que é uma mão-de-obra muito mais barata”, afirma Brandão. “Muita gente confunde as coisas. As empresas têm que ter claro que o estágio é feito para o estudante”, sublinha o superintendente estadual do Centro de Integração Empresa-Escola em Santa Catarina, Aníbal Dib Mussi.
Em enquete realizada com leitores do site Folha On-line, 66% dos participantes afirmou que o maior problema do estágio é sua má-utilização e que os estagiários, às vezes, são usados como mão-de-obra barata em vez de serem estimulados a aprender sobre a profissão. Outros 17% apontaram os abusos das empresas e 11% a excessiva carga horária. Todavia, talvez um dos grandes problemas seja a própria falta de dados confiáveis sobre o estágio no Brasil. Os Ministérios da Educação e do Trabalho não possuem pesquisas sobre o tema, nem sabem precisar o número de estagiários existentes.
No escritório de arquitetura onde a estudante da UFSC Mariane Martins realiza estágio há seis meses, a maior parte do trabalho é realizado por estagiárias: são duas profissionais e cinco estudantes. A estudante da 7ª fase reconhece que sempre é instruída em suas atividades. Mas releva que, às vezes, recebe tarefas de muita responsabilidade, que deveriam ser feitas por arquitetos já formados, e que seu estágio não tem vínculo formal. “Quando comecei, até pedi que fosse feito o registro do estágio, mas minha chefe disse que não era possível, porque a empresa não era registrada”, conta.
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Diogo Honorato,
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Marcadores: especial estágio