13 de abr. de 2007

Entre gestores e interventores

Alunos protestam contra posse de professor indicado pela Secretaria de Educação e exigem posse de diretor eleito. Foto: Flávio Nevs/DC

O protesto dos estudantes do IEE (Instituto Estadual de Educação de Santa Catarina), na tarde da última terça, de modo algum foi fato isolado. Os alunos impediram a posse do coordenador-geral Luiz Antônio Grocoski, que foi indicado pelo secretário de Educação, Ciência e Tecnolagia de Santa Catarina, Paulo Bauer. Grocoski e Bauer foram barrados pelos estudantes na entrada do IEE. Segundo reportagem do Diário Catarinense de hoje, alunos, pais e professores exigiam a posse do professor Elói Girardi, escolhido pela comunidade em dezembro do ano passado.

A pressão para que os diretores sejam eleitos pela comunidade é reinvidicação dos professores desde a década de 80. A exigência, segundo a categoria, sustenta-se sobre argumentos de que as escolas devem ter mais autonomia em relação às diferentes políticas estaduais e de que é uma forma de evitar a corrupção nas instituições de ensino. Pela lógica dos sindicalistas, a comunidade elege os profissionais mais aptos ao cargo.

O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, esquivou-se do tema quando perguntado sobre o assunto durante as eleições do ano passado. "A escola tem que ser dirigida pelos melhores, pelos mais capazes, pelos mais titulados. Se a eleição for feita entre os professores mais capazes, mais titulados, se houver um critério para que qualquer um não possa ser candidato a diretor, a eleição é válida", declarou o governador em em entrevista ao site Universidade Aberta, da UFSC.

A verdade, no entanto, é que a direção de grandes colégios como o IEE, com mais de 6 mil alunos, são tão importantes para o governo quanto os cargos administrativos de confiança. E custará ao governo abrir mão desses postos. Outra verdade é que a eleição de professores não assegura a escolha de administradores aptos e honestos, por mais louvável que seja o caráter democrático do pocesso.

Do mesmo modo, o apelido de "interventor" que os estudantes usaram para se referirem ao coordenador indicado pela secretaria de Educação tem um quê de verdade. Tampouco a nomeação política garante a eficiência de um administrador educacional. Principalmente quando desconhecem a realidade de uma escola.

3 comentários:

Orlando Tambosi disse...

Diogo,

pela lei as nomeações cabem ao governo. São nomeações políticas,claro. Mas não são menos políticas as "nomeações/eleições" de candidaturas organiziadas por sindicatos - oh, surpresa, quase todos filiado à CUT, central dos pelegos e correia de tranismissão do governo lulo-petista.

Então: ficamos com a lei ou a jogamos no lixo?

Abração, Tambosi

Orlando Tambosi disse...

Caracas! Estou tão cansado que cometi uns deslizes: leia-se "organizadas" e "quase todos filiados"

Melhor dormir mais cedo, hoje (he he he)

Diogo Honorato, disse...

Professor Tambosi,

De fato, não podemos descartar que é possível haver influência dos sindicatos nas eleições. No entanto, cabe uma ressalva: o SINTE/SC tem ódio mortal à CUT. Aliás, esse foi um dos trechos de conversa que tive com o presidente do SINTE ontem.