4 de mai. de 2007

Nosso novo coleguinha de classe, o computador

Aluno testa o XO, computador adaptado par Educação
de crianças e distribuído gratuitamente por ONG
(Foto: ABr)


Uma das medidas do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) propostas pelo MEC é distribuir computadores para todas as escolas do país até 2010, um investimento estimado em R$ 650 milhões. A simples presença dessa ferramenta, no entanto, não garante a melhoria da Educação, afirmam especialistas. E pior: o Estado estaria deixando de investir em recursos pedagógicos mais eficientes.

Às vésperas do lançamento do PDE, a divulgação de dois estudos sinalizou interrogações sobre o uso desse tipo de tecnologia. Ao comparar o desempenho no Saeb (Sistema Nacional de Avaliação do Educação Básica) de alunos que escolas onde se utiliza computador com alunos de outras escolas, os pesquisadores concluíram que os desempenhos pouco se diferem.

O economista Naércio Menezes Filho, participante de um desses estudos, alertou para a necessidade de um acompanhamento adequado, tanto por parte de professores qualificados quanto dos pais (no caso do uso do pc em casa). Nãocomo garantir, por exemplo, que as atividades escolares desenvolvidas com o uso do computador sejam pedagogicamente eficazes.

"Vejo às vezes escolas privadas utilizando vários computadores em cada sala de aula, mas, se o professor não ensinar bem matemática e português, ou não souber usar o computador como ferramenta de ensino, de nada adiantará", criticou Menezes Filho.

José Antonio Klaes Roig, coordenador do Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE) Rio Grande e parceiro deste blog, é outro que concorda que a informática pode ser útil à Educação, desde que utilizada adequadamente.

“Sou radicalmente contra o uso da tecnologia no ambiente escolar sem a presença do professor responsável pela turma. Há escolas que deixam os alunos a cargo de um técnico de informática no laboratório e o que acaba acontecendo é virar atividade recreativa, lúdica e não pedagógica”, comentou por e-mail.

Um dos exemplos que Roig cita é o uso softwares destinados à Educação de alunos com deficiência visual ou possibilidade de alunos surdos interagirem com ouvintes e assim melhorar o aprendizado.

"Essa máquina XO é tudo”

Talvez não seja apenas questão de melhorar as notas, mas de facilitar o aprendizado por alunos. E, nesse caso, melhor ainda que o computador seja adaptado às crianças. Tal particularidade distingue o laptop XO, que começou a ser distribuído no Brasil a partir do ano passado pela ONG One Laptop per Child (OLPC, “Um Laptop por Criança).

Esse computadorzinho tem empolgando pedagogos renomados, como a professora Léa Fagundes, da UFRGS, que ano passado recebeu homenagem da Unesco por seus métodos de aprendizagem baseados em tecnologias digitais. “Um aplicativo que todo mundo usa, é o Office, que não tem nada a ver com Educação, serve para escritório. [Com o XO] foi inventado um novo computador, feito só para Educação. É a máquina das crianças. Essa máquina é tudo!”, afirmou a pesquisadora em entrevista ao portal ARede.

Mas Léa Fagundes não poupa outros métodos de uso da informática, como o ClassMate, desenvolvido pela Intel,
e o Mobilis. Ambos também são cogitados pelo MEC para uso nas escolas.

1 comentários:

José Antonio Klaes Roig disse...

Oi, Diogo, grato pela menção ao trabalho que desenvolvo no NTE Rio Grande. Como sempre gosto de comentar tecnologia é o meio, educação é o fim, embora algumas pessoas invertam essa rede lógica de pensamento, priorizando máquinas antes do educador e do aluno. Parabéns pelo blog. Um abraço.