25 de mai. de 2007

Estudante é capital de risco!

(Créditos: fotogarrafa.com.br)

Para não dizerem que não tenho espírito crítico - e bom-humor - deixo uma crônica inicialmente publicada em meu outro blog, o Ironia Crônica. Aviso: as opiniões abaixo divulgadas refletem as posições de meu eu-lírico e não correspondem, necessariamente, às visões desse blogueiro.

---------

A informação fica como alerta aos pais neste mês de maio – época em que os vestibulandos começam a pensar em que vestibulares vão prestar – e deve ser levada em consideração antes de desembolsar qualquer quantia: estudante é capital de risco. Junk bond no mais puro economês. Tome nota, pois nenhum analista financeiro ainda se deu conta disso. Lembrar poderá ajudar os pais a poupar boas verdinhas – além de ter a sensatez de investir na previdência privada ou algo que garanta um futuro mais tranqüilo e certo. Ou, ao menos, mais certo do que o próprio filho.

Estudante é capital de risco pelo simples conceito da palavra: é investimento duvidoso, caro, e existe a possibilidade de não oferecer retorno. É dinheiro que se investe sem saber se dará prejuízo (mais comum), lucro (exceções), ou ficará por isso mesmo.

Abstrato demais? Então tente descobrir o nome desse filme: por mais de dez anos vocês, pais, ralaram para pagar bons colégios ao filho. Compraram livros, materiais escolares e todas as enciclopédias que apareciam. Tudo na esperança de que ele tivesse mais oportunidade que vocês e um dia fosse alguém na vida. Mas seu filho não passa na primeira vez no vestibular. Tudo bem! O curso dele era mesmo concorrido! Com pena, pagam também um cursinho, aulas de inglês e até financiam a viagem para prestar o vestibular em outros Estados e... nada! Outro ano de cursinho. Até o dia da boa notícia:

- Mãe! Pai! Eu passei!
Festa geral. Até o momento em que vão ligar para os familiares contando a nova e se lembram de não ter perguntado ao filho para que curso ele passou.
- Pra Ciências Ocultas, mãe! Na Universidade de Biboca!

O conselho, nesse caso, é segurar o choro, pois o pior ainda pode vir: a universidade pode ser particular!

Se quiserem, arrisquem-se e invistam nele! É mesmo graças aos aventureiros que o mercado econômico sobrevive. Nenhum consultor econômico vai descartar a possibilidade de seu filho se formar, ser um profissional de sucesso e devolver, com juros e correções, tudo o que vocês investiram nele. Saibam, porém, que o risco é o mesmo que investir numa empresa da Suazilândia. Tudo o que é aplicado em estudante vira "Título Podre" - de pagamento duvidoso e à longo prazo. Mercado futuro, nesse caso, chama-se "Seja o que Deus quiser!".

O risco aumenta exponencialmente de acordo com a distância que a universidade fica de casa. Se fica longe, em outro estado (ex: Biboca), preparem uma reza a Santo Expedito. Estarão comprando ações de uma empresa da qual nunca têm notícias. As aulas noturnas são perfeitamente substituíveis por visitas ao bar mais próximo, e dinheiro para livros são moedas de conversão em ingressos para baladas.

E não pensem que o risco diminui de acordo com o curso que o filho foi aprovado. Tampouco é mais seguro pagar faculdade para aquele filhinho que sempre foi responsável. A universidade muda as pessoas. Num belo dia, poucos meses antes de se formar em Direito, aquele seu guri estudioso liga, com voz mansa:

- Pois é, velha. Eu larguei a facul e tô morando com uns amigos do DCE. Minha profissão agora é revolucionário! Diz aí: mó loco, né?

Fundo perdido, sim! Seu credor acabou de vazar a informação de que está em estado de insolvência e a moratória é iminente. É quando vocês descobrem que deviam ter aplicado no mercado de cachecóis em Belém do Pará!

Diogo Honorato é estudante de Jornalismo da UFSC e mora a 1500 km dos pais.

0 comentários: