31 de mai. de 2007

Estagiar: uma vantagem necessária

A maioria das instituições de ensino hoje reconhece a importância e a necessidade do estágio como complemento do aprendizado acadêmico. Em cursos como Letras e Engenharia e Agronomia, é disciplina obrigatória. Da parte dos estudantes, a atividade já representa muito mais que uma forma de experiência prática e de inserção no mercado de trabalho: é uma necessidade tanto profissional quanto acadêmica. “Há uma tendência de alongar a escolarização dos jovens. Quatro anos já não são suficientes para terminar um curso, pois muitos optam por estagiar” explica a socióloga Bernadete Auade, do Laboratório Transformações no Mundo do Trabalho, da UFSC.

Estagiar, para alguns estudantes, também é uma forma de viabilizar os estudos, defende o presidente da Associação Brasileira de Estágios (Abres), Carlos Mencaci. A bolsa-auxílio paga ao estagiário, que geralmente tem valor próximo a um salário mínimo, em alguns casos também é utilizado para complementar a renda da família.

Os estágios também oferecem atrativos às empresas. A começar pelas vantagens fiscais, já que há isenção de encargos sociais e trabalhistas, decorrentes da não-vinculação empregatícia. Oferecer estágio também é uma forma de antecipar a preparação e seleção de mão-de-obra. Os defensores do estágio nas empresas ainda usam com freqüência o discurso da “oxigenação e espírito de renovação” que a atividade proporciona.

Especial estágio

Tema corrente nas conversas de estudantes e, não raro, de reuniões das instituições de ensino e da justiça do trabalho, a questão do estágio também deve entrar na pauta do Congresso Nacional nos próximos meses. A expectativa quanto à nova lei de estágio, que aguarda apreciação em plenário, é que as novas regras consigam pôr fim aos equívocos que destoam do objetivo dessa atividade: complementar da aprendizagem curricular.

A discussão acerca dos problemas que envolvem o estágio voltou à tona após o ministro da Educação, Fernando Haddad, inclui o projeto da nova de lei do estágio como uma das medidas do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). O Projeto de Lei 473/ 2003, de autoria do senador Osmar Dias (PDT-PR), limitar o número de estagiários em uma empresa a 20% do total de funcionários. Além disso, estabelece o tempo máximo de estágio e de horas diárias e garante o direito a recesso anual de 15 dias e a bolsa-auxílio.

Para analisar os problemas atuais dessa atividade, o Nossa Educação vai dedica matérias especiais ao tema, que abordarão as vantagens e problemas que hoje permeiam a realização dos estágios. As três reportagens da série serão publicadas diariamente, a começar por hoje.

Leia todas as matérias já publicadas da série.

29 de mai. de 2007

Ágio do estágio

Essa tirinha não é por acaso. Nessa semana, o Nossa Educação dará atenção especial à questão do estágio. Então, para começar, uma tirinha de "Vida de Estagiário", do cartunista Allan Sieber. E também, claro, defender a classe, já que este blogueiro é um estudante que já foi e ainda será estagiário por um tempo. (clique na imagem para ampliar)


25 de mai. de 2007

Estudante é capital de risco!

(Créditos: fotogarrafa.com.br)

Para não dizerem que não tenho espírito crítico - e bom-humor - deixo uma crônica inicialmente publicada em meu outro blog, o Ironia Crônica. Aviso: as opiniões abaixo divulgadas refletem as posições de meu eu-lírico e não correspondem, necessariamente, às visões desse blogueiro.

---------

A informação fica como alerta aos pais neste mês de maio – época em que os vestibulandos começam a pensar em que vestibulares vão prestar – e deve ser levada em consideração antes de desembolsar qualquer quantia: estudante é capital de risco. Junk bond no mais puro economês. Tome nota, pois nenhum analista financeiro ainda se deu conta disso. Lembrar poderá ajudar os pais a poupar boas verdinhas – além de ter a sensatez de investir na previdência privada ou algo que garanta um futuro mais tranqüilo e certo. Ou, ao menos, mais certo do que o próprio filho.

Estudante é capital de risco pelo simples conceito da palavra: é investimento duvidoso, caro, e existe a possibilidade de não oferecer retorno. É dinheiro que se investe sem saber se dará prejuízo (mais comum), lucro (exceções), ou ficará por isso mesmo.

Abstrato demais? Então tente descobrir o nome desse filme: por mais de dez anos vocês, pais, ralaram para pagar bons colégios ao filho. Compraram livros, materiais escolares e todas as enciclopédias que apareciam. Tudo na esperança de que ele tivesse mais oportunidade que vocês e um dia fosse alguém na vida. Mas seu filho não passa na primeira vez no vestibular. Tudo bem! O curso dele era mesmo concorrido! Com pena, pagam também um cursinho, aulas de inglês e até financiam a viagem para prestar o vestibular em outros Estados e... nada! Outro ano de cursinho. Até o dia da boa notícia:

- Mãe! Pai! Eu passei!
Festa geral. Até o momento em que vão ligar para os familiares contando a nova e se lembram de não ter perguntado ao filho para que curso ele passou.
- Pra Ciências Ocultas, mãe! Na Universidade de Biboca!

O conselho, nesse caso, é segurar o choro, pois o pior ainda pode vir: a universidade pode ser particular!

Se quiserem, arrisquem-se e invistam nele! É mesmo graças aos aventureiros que o mercado econômico sobrevive. Nenhum consultor econômico vai descartar a possibilidade de seu filho se formar, ser um profissional de sucesso e devolver, com juros e correções, tudo o que vocês investiram nele. Saibam, porém, que o risco é o mesmo que investir numa empresa da Suazilândia. Tudo o que é aplicado em estudante vira "Título Podre" - de pagamento duvidoso e à longo prazo. Mercado futuro, nesse caso, chama-se "Seja o que Deus quiser!".

O risco aumenta exponencialmente de acordo com a distância que a universidade fica de casa. Se fica longe, em outro estado (ex: Biboca), preparem uma reza a Santo Expedito. Estarão comprando ações de uma empresa da qual nunca têm notícias. As aulas noturnas são perfeitamente substituíveis por visitas ao bar mais próximo, e dinheiro para livros são moedas de conversão em ingressos para baladas.

E não pensem que o risco diminui de acordo com o curso que o filho foi aprovado. Tampouco é mais seguro pagar faculdade para aquele filhinho que sempre foi responsável. A universidade muda as pessoas. Num belo dia, poucos meses antes de se formar em Direito, aquele seu guri estudioso liga, com voz mansa:

- Pois é, velha. Eu larguei a facul e tô morando com uns amigos do DCE. Minha profissão agora é revolucionário! Diz aí: mó loco, né?

Fundo perdido, sim! Seu credor acabou de vazar a informação de que está em estado de insolvência e a moratória é iminente. É quando vocês descobrem que deviam ter aplicado no mercado de cachecóis em Belém do Pará!

Diogo Honorato é estudante de Jornalismo da UFSC e mora a 1500 km dos pais.

24 de mai. de 2007

O outro lado

Para aqueles que não se contentam em ler matérias da Folha, Estadão e do blog do Reinando Azevedo sobre a ocupação da reitoria da USP, e querem ir além das ignoráveis fontes entrevistadas pela Globo, deixo o link para a cobertura da Caros Amigos, do blog dos estudantes da ocupação ("ocupação" mesmo, pois para mim só se invade o que é privado, antes que suspeitem de minha posição) e da Associação dos Docentes da USP, Adusp.

Não é panfletagem. É a singela filosofia de quanto mais fontes, melhor.

Enquete: a ocupação da reitoria da USP foi necessária?


Como investir em Educação

Uma boa solução para acabar com o problema da falta de destinação de verbas para a Educação (embora não muito educada!)

23 de mai. de 2007

Novos blogs sobre Educação

Vestibular é coisa que dá dinheiro. "Tá, conta uma que eu não sei", o leitor pergunta. Pois a novidade é que o jornal O Globo resolveu investir no tema através dos blogs. Nesta terça, estreou o "Blog da Aula"
(http://oglobo.globo.com/blogs/blogdeaula/), espaço em que professores de colégios do Rio e São Paulo darão dicas sobre o conteúdo do vestibular.

O novo blog se juntará ao "Vestiblogando"
(http://oglobo.globo.com/blogs/vestiblogando), blog produzido por vestibulandos desde fevereiro e que também está hospedado no site do O Globo On-line. Os estudante tratam de diversos temas do cotidiano de um pré-vestibulando.

Sem uma certeza sobre como lucrar na internet, as empresas de comunicação estão apostando em tudo mesmo! É só ver os anúncios no lado direito dos blogs...

Aos que sabem fazer uso consciente de material de internet, lamentem-se: os blogs acima seguem o mesmo padrão do site do O Globo: não dá pra copiar o texto da tela com o mouse ou teclado. Mas como sou partidário do caráter colaborativo da internet, uma dica: indo em exibir/código fonte na janela do seu browser, é possível encontrar o texto em html. Só não esqueçam de dar os créditos.


22 de mai. de 2007

Piso sem chão

O deputado Severiano Alves de Souza (PDT-BA), deu o tom da comissão de Educação diante do projeto que institui o piso salarial nacional para professores de Educação Básica: do jeito que está, não passa. Ele participou de audiência pública na assembléia legislativa de Santa Catarina nesta segunda.

Relator do projeto, o deputado criticou propostas como o prazo de dois anos para instituir o piso. De acordo com Severiano Alves, o Fundeb - quem aliás, não tem no nome a expressão "Valorização dos Profissionais de Educação" à toa - já prevê recursos suficientes para remunerar todos os professores com o valor de R$850. E, por isso, o piso já pode valer a partir de janeiro de 2008.

O deputado baiano também criticou a proposta de tratar o piso como remuneração, e incorporar as gratificações, e não como vencimento-base. O fato do piso ser o mesmo, independente da formação, e se referir a uma jornada de 40hrs foram outros pontos em que manifestou discórdia.

"Se fixarmos 40horas, vamos trocar 6 por meia dúzia. Como vamos possibilitar que esse professor consiga um curso superior?", protestou, indagando sobre uma possível carga excessiva. Segundo o relator do projeto, a maioria dos deputados da comissão de Educação da Câmara defende mudanças nesses pontos. O ideal, para Severiano Alves, seria uma carga de 25 a 30 horas semanais.

17 de mai. de 2007

Meia-entrada e meias-verdades

As fraudes sobre os atestados de matrícula, que atualmente garantem o direito de meia-entrada, eram o grande argumento da UNE (União Nacional dos Estudantes) e Ubes (União Nacional dos Estudantes) para defenderem a lei que “re-regulamenta” o benefício. Mas reportagem da revista Época dessa semana revela como até mesmo carteirinhas oficiais dessas entidades estão suscetíveis a fraudes. É possível obter carteirinhas da Ubes e UNE apresentando documentação falsa e até pela Internet, com falsificações idênticas às originais.

Pelo
projeto em tramitação na câmara, somente Une e Ubes poderiam emitir a identificação estudantil. Tal atribuição era de exclusividade das duas entidades até 2001, quando a Medida Provisória 2208/01 desregulamentou o direito e passou a estender o direito a qualquer identificação estudantil. Desde então, qualquer estudante que apresente atestado de matrícula , por exemplo, pode pagar a metade do valor da entrada de shows, espetáculos e sessões de cinema.

Empresários e artistas se queixam que as fraudes levam à “popularização” da meia-entrada, o que os obriga a elevar o preços das entradas. Há casas de espetáculos que, inclusive, nem vendem mais a entrada inteira. No Centro Integrado de Cultura de Santa Catarina, por exemplo, todos pagam “meia”: estudantes, apresentado carteirinha; os demais, doando um quilo de alimento ou um litro de leiteque raramente são cobrados.

Por isso, o projeto de lei pretende limitar o número de meias-entradas a 30% dos ingressos. A proposta gera resistência das entidades discentes, que temem que o objetivo da carteirinha – que é garantir o acesso dos estudantes à culturaperca sua eficácia. No entanto, o valor de 30% parece fazer sentido se levando em conta que menos de 20% da população nacional é estudante, segundo dados do senso escolar.

14 de mai. de 2007

Mais sobre o PDE

A edição on-line da revista Nova Escola de maio dedicou espaço especial ao Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Além de explicar diversos pontos e disponibilizar links aprofundar temas, a reportagem também traz entrevista com o ministro da Educação Fernando Haddad e informa o estágio atual de cada uma das propostas. Pasmem: muitas das propostas já estão em vigência, o que já basta para tirar grande parte da purpurina do "PAC da Educação".

Também indico a animação sobre o desenvolvimento do pensamento pedagógico que a equipe da revista disponibilizou. Contudo, o especial restringe a abordagem
, basicamente, à biografia dos pensadores.

11 de mai. de 2007

Faltou perguntar

A repórter do Diário Catarinense Taís Shigeoka realizou a façanha de conseguir entrevista com o coordenador-geral do Instituto Estadual de Educação (IEE), Luiz Antônio Grocoski, que não se manifestava perante a imprensa desde quando foi barrado em sua posse. Os alunos que o impediram no mês passado exigiam a posse de outro professor eleito para o cargo de coordenador do IEE.

No entanto, a repórter perdeu a oportunidade de perguntar a Grocoski o conhecimento que possui sobre a realidade do maior colégio de Santa Catarina. Nem precisou. "Ainda estamos no processo de diagnóstico", afirmou Grocoski, deixando transparecer o quão sem norte se encontra.

Continua cedo para avaliar a capacidade de Grocosli para coordenar o Instituto. Principalmente por que duas questões mantém equilibrada a balança dos prós e contras. Grocoski possui pós-graduação como gestor escolar e, teoricamente, está apto a exercer qualquer cargo administrativo. Por outro lado, é professor de escolas públicas há pouco mais de três anos e talvez não conheça a realidade do ensino o bastante para assumir a direção de mais de 6 mil alunos.

Antônio Grocoski já se dispôs a falar com a imprensa. Falta agora um jornalista de raça conseguir entrevista com o secretário de Educação de Santa Catarina, Paulo Bouer. Dizem que nem os próprios gestores de educação conseguem marcar reunião. O secretário está trabalhando tanto assim?

4 de mai. de 2007

Nosso novo coleguinha de classe, o computador

Aluno testa o XO, computador adaptado par Educação
de crianças e distribuído gratuitamente por ONG
(Foto: ABr)


Uma das medidas do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) propostas pelo MEC é distribuir computadores para todas as escolas do país até 2010, um investimento estimado em R$ 650 milhões. A simples presença dessa ferramenta, no entanto, não garante a melhoria da Educação, afirmam especialistas. E pior: o Estado estaria deixando de investir em recursos pedagógicos mais eficientes.

Às vésperas do lançamento do PDE, a divulgação de dois estudos sinalizou interrogações sobre o uso desse tipo de tecnologia. Ao comparar o desempenho no Saeb (Sistema Nacional de Avaliação do Educação Básica) de alunos que escolas onde se utiliza computador com alunos de outras escolas, os pesquisadores concluíram que os desempenhos pouco se diferem.

O economista Naércio Menezes Filho, participante de um desses estudos, alertou para a necessidade de um acompanhamento adequado, tanto por parte de professores qualificados quanto dos pais (no caso do uso do pc em casa). Nãocomo garantir, por exemplo, que as atividades escolares desenvolvidas com o uso do computador sejam pedagogicamente eficazes.

"Vejo às vezes escolas privadas utilizando vários computadores em cada sala de aula, mas, se o professor não ensinar bem matemática e português, ou não souber usar o computador como ferramenta de ensino, de nada adiantará", criticou Menezes Filho.

José Antonio Klaes Roig, coordenador do Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE) Rio Grande e parceiro deste blog, é outro que concorda que a informática pode ser útil à Educação, desde que utilizada adequadamente.

“Sou radicalmente contra o uso da tecnologia no ambiente escolar sem a presença do professor responsável pela turma. Há escolas que deixam os alunos a cargo de um técnico de informática no laboratório e o que acaba acontecendo é virar atividade recreativa, lúdica e não pedagógica”, comentou por e-mail.

Um dos exemplos que Roig cita é o uso softwares destinados à Educação de alunos com deficiência visual ou possibilidade de alunos surdos interagirem com ouvintes e assim melhorar o aprendizado.

"Essa máquina XO é tudo”

Talvez não seja apenas questão de melhorar as notas, mas de facilitar o aprendizado por alunos. E, nesse caso, melhor ainda que o computador seja adaptado às crianças. Tal particularidade distingue o laptop XO, que começou a ser distribuído no Brasil a partir do ano passado pela ONG One Laptop per Child (OLPC, “Um Laptop por Criança).

Esse computadorzinho tem empolgando pedagogos renomados, como a professora Léa Fagundes, da UFRGS, que ano passado recebeu homenagem da Unesco por seus métodos de aprendizagem baseados em tecnologias digitais. “Um aplicativo que todo mundo usa, é o Office, que não tem nada a ver com Educação, serve para escritório. [Com o XO] foi inventado um novo computador, feito só para Educação. É a máquina das crianças. Essa máquina é tudo!”, afirmou a pesquisadora em entrevista ao portal ARede.

Mas Léa Fagundes não poupa outros métodos de uso da informática, como o ClassMate, desenvolvido pela Intel,
e o Mobilis. Ambos também são cogitados pelo MEC para uso nas escolas.